terça-feira, 2 de junho de 2009

A Menina da Ilha






______________A Menina da Ilha______________






Menina da Ilha
Um mar tão grande nos separa
Vou lançar minha barca
Nas águas azuis

O vento Sudeste
Há de me levar
Além do horizonte
Onde vejo o Sol se deitar

Deus queira eu aporte
Caindo uma outra tarde
Nas areias da praia
Onde o Amor é mais forte

Ó, encanto de sereia
O oceano não apaga
A paixão que incendeia

Nem me aquece a fogueira
A lua a noite não clareia
Sou vaga-lume preso na teia
Vila inundada na cheia

Ó sereia
Dos olhos perdidos
No léu do infinito
No horizonte vem vindo
Deus Netuno te amar



Rob Azevedo








Do Outro Lado do Muro






_____Do Outro Lado do Muro_____





Do outro lado do muro
A desventura torna meu dia escuro
O viver absurdo
O Sabiá pousado no galho mudo
Eu esmurro
Tijolo por tijolo
Essa parede
Que nos separa

Dá uma espiada
Vê minha alma desesperada
Dilacerando as mãos
Na ponta da faca

Que tão logo caia
Essa muralha
De palavras
Que não saem
Da minha boca

Dizer-te tudo e mais um pouco
Sangrando de Amor louco
Acabar no fim esvaído e rouco
Para que saibas das malhas
Intrincadas da paixão que me enredaram

Sou um preso aqui do outro lado
Do muro
Erguido pela vida ingrata,
Sem dó me separa
Do jardim
Onde há o Jasmim
Que sonhei pra mim

Enquanto tiver que ser assim
Sem a livre
E espontânea
Saciada vontade
Eu te espero
Platonicamente te amando
Esmurrando
Tijolo por tijolo
Essa parede
De eternidade
E lamento
Que é o tempo
Sem estar ao teu lado



Rob Azevedo









sábado, 1 de novembro de 2008

Ars Longa, Vita Brevis




____________Ars Longa, Vita Brevis____________






Vim das eras medievais
Cavalgando num cavalo branco
Sou um predestinado
A te encontrar

Minhas vestes são principescas
Meu olhar profundo e apaixonado
O desejo que trago no peito
Sagrado

Não sou desse tempo
De hoje
Nem desse mundo
Vim dum conto
De fábulas

Perguntam-me se existo...
Se sou real...
Alguns crêem
Que talvez eu seja
Apenas um fantasma
Uma sombra
O sopro
Do vento

Pareço um sonho
Uma imagem difusa
De um caleidoscópio
Uma branca nuvem
Sem destino indo ao léu

Um dia, eu sei
Voltarei pra d`onde vim
E serei apenas
Eternamente
Um conto
De fábulas
Em versos
Escritos em linhas enigmáticas
Em páginas de livros

Eis o que sou
Desvendando meu segredo:

Sou um poema
Que se tornou vivo
Fez-se homem
Por força
Do deus
Sentimento

Vim ao mundo cantar
Ser trovador
Em noites de luar
Solidão
Dor
Saudade
Desilusão
Tristeza
Felicidade
Amor

Meu canto
Deu sentido
À vida de ser humano
Na qual agora existo
Retornando tudo ao início
E tive muitos filhos
Poemas

Esse agora
É contigo...

És dele a mãe...

Filho nascido
Para te sussurar no ouvido
Que sou um predestinado
A te encontrar
Nada é por acaso

O poema que se tornou homem
Aprendeu a te amar
Logo ao primeiro olhar...

Amor... Ah! O Amor!
O que seria de um poema
Sem ele?

Ao mundo então
Também veio o poema tornado homem
Para vivê-lo
Como só um poema o pode
Numa catarse infinita do sentimento
Onde tudo é imenso
Comparado sempre ao que é belo –

Teus negros olhos me são
O firmamento noturno
Pontilhado de estrelas cintilantes...

O brilho que deles me vem
O luar prateado

Teus cabelos de igual cor aos olhos
São pétalas
De tulipas negras...

Tua boca
Uma ânfora
Cheia de vinho
Quero bebê-la toda...

Teu corpo
Um porto
Para meu navegar perdido
Em alto mar...

Nele há uma enseada
Onde se encontra uma ostra
Entreaberta
Guardando uma pérola...

Assim vê quem ama o poema
Tornado homem
Vê além
Do que os olhos enxergam
Vê a essência, a alma
De cada coisa
E no Amor lhe faz jus
Em grandeza

Ah! Se essa magia
Não lhe passasse desapercebida
A verdade entenderia
Contida em cada palavra...

Não lhe escorreria
Entre as mãos
Feito água
O presente
Que veio de graça

O reteria, encheria a taça
E o beberia
Em companhia
Do predestinado
A te encontrar
Que veio a cavalgar
Num cavalo branco
De mais longe
Do que a imaginação alcança...

D`outros tempos
D`outro mundo
D`outras crenças
Dum conto
De fábulas
Em versos...

Hei de voltar
À minha terra pátria lendária...

Deixando este lugar, onde a vida é breve...

Levar-te-ei comigo
Ó Calíope!
Ao meu castelo
No plano transcendente
Porque aqui
Só vim de passagem
Buscar-te...

Lá o Alfa
Beta
Ômega
Que uma noite me juraste
Entraríamos em supremo êxtase
Será real e eterno
Sem sequer eu precise
Vir trazido pelo vento
Sentindo teu perfume

Então
O Amor conheceremos
Ao vivê-lo
Como rezando
Uma oração redentora...

E o homem-poema juntar-se-á
Num espiritual enlevo
À sua mulher-poesia
Sem que nada, nada
Os possa separar...



Rob Azevedo













quinta-feira, 23 de outubro de 2008

No Jardim dos Alecrins




______No Jardim dos Alecrins______

- Com eu lírico feminino -






No jardim dos alecrins
Solitária, espero-te
Tu, meu homem cálido, que já tardas tanto
Deixando-me cá calada
Sentada num banco
Divagando ardente em lembranças saudosas
Daquelas noites de outrora
Que não quero
Deixá-las esvaecerem
Na memória
Tornarem-se apenas
Sonho difuso
Opaco
Envolto em brumas
Que o tempo traz

Ó meu homem cálido!
Vim sem nada por baixo
Os botões do sobretudo
Desabotoei todos
Cá neste ermo jardim
Sereno, esquecido
Meu corpo se mostra
Nu
Ardente a te esperar
Como tantas vezes o vira
E o teve
Naquelas noites de outrora
Que as tanto quero
De volta

Minha boca te espera
Para beijar-me
Matar minha sede
Que a água não mata
Meus seios te esperam
Para acolher-te
Brincar com teus lábios
E língua
Minhas coxas, ancas, dorso
Esperam-te
Como teu parque
Para que neles passeies
Como bem queiras
Meu sexo aflora
E espera-te
Como tua casa
Para aninhar-te
Desejoso do teu corpo
Sobre o meu
Dentro do meu
A comprimir-se
Saciando minha extrema saudade

Ó meu homem cálido!
O quão me tornou voluptuosa
Queimando em chamas
Tua ausência que se demora

Chego a ser devassa
Despudorada
Meretriz
Em meus devaneios solitários
Lembrando-te, banhada em suores
Ofegante
Quando como um vulcão de virilidade,
Insaciável, me possuías
Como tua Ambrósia
Segurando-me pela cintura
Desflorando-me por trás
Sem tanto respeitar-me
Puxando-me pelos cabelos
Sussurrando dizeres safados
Arteiros e meigos
Enquanto lambias minhas costas
Mordiscando-a, cobrindo-a de beijos
Apertando-me e arranhando-me

Quando eu era
Tua comida
Que faminto devoravas
Lambendo depois os beiços
Ao repousar aninhado em meus seios
Contente e satisfeito
Até não mais do que meia hora
Quando tudo se repetia

Ah! Tu meu homem cálido!
Em nossos momentos
Nunca se melindrou comigo
Esperando por qualquer autorização
Ou dela precisou
Para fazer tudo o que bem querias
Por mais dissoluto que fosse
Tão somente ia e fazia
De todo seguro, com autoridade inquestionável de mestre
Por saber que vindo de ti
Tudo era desavergonhadamente
Vertiginosamente
Escandalosamente
De-li-ci-o-so
E sempre me satisfazia
Eu que era assim inteiramente
Tua fêmea submissa
Serva das tuas vontades
Tu mandando, eu obedecendo
E agradecendo aos céus
Ter a ti como meu senhor

Como nunca careci pedir a ti
Que fizesse isso ou aquilo
Em nossas horas sagradas
Tu de antemão o fazias
O que eu queria já sabias
Ao meu gosto com exatidão
Enlouquecendo-me
Em cada pêlo, poro
Víscera, pensamento
E gota de suor escorrida

Desavergonhadamente
Escandalosamente
Vertiginosamente
Tanto e tão perfeitamente
Completamos-nos na cama
Deliciosamente bem nos dando
E ainda de Amor tão grande e verdadeiro nos amando
Que, ó, meu homem cálido!
Ohhhhhhh...
Desnuda te espero
Ofegante
Aqui neste jardim ermo
Sentada num banco
Ardendo em chamas
Tomada por saudade extrema
Para que logo venhas
E me tenhas na grama

Acaso nos verem assim
Como dois animais selvagemente
Amando-nos no cio entre os matos
Abençoado será o escândalo desavergonhado
Porque sei será
Desavergonhadamente, escandalosamente
De-li-ci-o-so, bem aventurado
Valendo a pena
Qualquer seja

Ó meu homem cálido!
Ohhhhhhh...
Lânguida
Cerrando os olhos turvos em gozo
Para ver-te
Ardo como fogo em brasa
Suspirando, estremecendo
Arrepiando-me, gemendo secretamente

Despudoradamente
Quero-te!
Preciso-te!
Espero-te!

Venha logo
Não tarde...

Apaixonadamente
Amo-te!



Rob Azevedo







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Vida São Franciscana




___ Vida São Franciscana ___











Vou-me embora aos prados verdejantes
Bem distantes
Viver entre as cabras
Tão serenas e amáveis
A pastarem e mugirem
De vem em quando

Hei de pastoreá-las
Tendo em meu alforje
Água
Em minha bolsa de lona
Um bom pedaço
De pão
No mais, a companhia
Do meu cajado de pastor
E de um cão
São Bernardo

Basta-me...

Quero a simplicidade do campo
O vento uivando
Curvando os matos
O murmurar das águas
Correndo no leito pedregoso dos rios
O silvar dos pássaros

Quero o bálsamo
Das noites brandas
Onde tudo é quietude
À luz do luar
E dos lampiões
Ouvindo o cri-cri dos grilos
E coaxar dos sapos

Acordar alvorecendo o dia
Ao canto das cotovias
Dos galos
Sabiás
E cigarras
Sentindo o cheiro de café forte
Que alguém faz na cozinha
No fogão à lenha

Sobre a mesa
O pão da venda
A milhas de distância
O pote de mel
Em favos
Das colméias criadas na propriedade
Sob abelhas revoando
Ao redor

O leite ordenhado das vacas
Enchendo a caneca
De alumínio
Coberto de grossas natas

E mais um dia
Pastoreando cabras
Pelos verdes prados

Ó vida São Franciscana!
Quero-te!
Passar meus dias
Contemplando as borboletas
Voejando por sobre as flores
Exalando suaves aromas

Ouvir os passarinhos cantando
Empoleirados nos galhos das árvores
Ver o Beija-Flor
Colhendo o néctar das rosas
No bico
E as formiguinhas trabalhando
Levando folhinhas recortadas
Para seus ninhos

Brincar com joaninhas entre os dedos
Delicadamente
Contemplando seus cascos
Coloridos
Salpicados de bolinhas

Ver um coelho correndo
Se escondendo no mato
Uma cotia
Uma gambá
Um tatu
Um João-de-Barro
Construindo sua casa

Longe dos olhos humanos
Poder com eles conversar
E com as flores
As árvores
Com o rio
As pedras
O Sol
A Lua...

Pois sou irmão deles
Com eles quero estar
E conversar
Chamando-os de meus irmãos
E minhas irmãs...

Ó vida São Franciscana!
Quero-te!

À noite
Ver os pirilampos cintilando
E rezar
Por meus irmãos e irmãs
Da Natureza
Pedindo a eles
Todo o bem que possa haver
E me deitar
Sereno
Como os prados verdejantes
Com os quais sonho
Em meus ideais franciscanos




Rob Azevedo








Cântico do Irmão Sol (ou Cântico das Criaturas)


(Quase cego, sozinho numa cabana de palha, em estado febril e atormentado pelos ratos, São Francisco deixou para a humanidade este canto de amor ao Pai de toda a Criação.
A penúltima estrofe, que exalta o perdão e a paz, foi composta em Julho de 1226 no palácio episcopal de Assis, para pôr fim a uma desavença entre o Bispo e o Prefeito da cidade. Estes poucos versos bastaram para impedir a guerra civil.
A última estrofe, que acolhe a morte, foi composta no começo de Outubro de 1226).





Altíssimo, onipotente e bom Deus,
Teus são o louvor, a glória, a honra
e toda benção.

Só a Ti, Altíssimo, são devidos,
e homem algum é digno
de Te mencionar.

Louvado sejas, meu Senhor,
com todas as Tuas criaturas.
Especialmente o irmão Sol,
que clareia o dia
e com sua luz nos ilumina.

Ele é belo e radiante,
com grande esplendor
de Ti, Altíssimo é a imagem.

Louvado sejas meu senhor,
pela irmã Lua e as Estrelas,
que no céu formastes claras,
preciosas e belas.

Louvado sejas meu Senhor,
pelo irmão Vento,
pelo ar ou neblina,
ou sereno e de todo tempo
pelo qual as Tuas criaturas dais sustento.

Louvado sejas meu Senhor,
pela irmã Água,
que é muito útil e humilde
e preciosa e casta.

Louvado sejas meu Senhor,
pelo irmão Fogo,
pelo qual iluminas a noite,
e ele é belo e jucundo
e vigoroso e forte.

Louvado sejas meu Senhor,
pela nossa irmã a mãe Terra,
que nos sustenta e nos governa,
e produz frutos diversos,
e coloridas flores e ervas.

Louvado sejas meu Senhor,
pelos que perdoam por teu amor
e suportam enfermidades e tribulações.

Bem aventurados os que sustentam a paz,
que por Ti, Altíssimo serão coroados.

Louvado sejas meu Senhor,
pela nossa irmã a morte corporal,
da qual homem algum pode escapar.

Ai dos que morrerem em pecado mortal!
Felizes os que ela achar
conforme à Tua Santíssima vontade,
porque a segunda morte não lhes fará mal.

Louvai e bendizei a meu Senhor,
e daí lhes graças
e servi-O com grande humildade.

Amém.









terça-feira, 21 de outubro de 2008

Psicologia da Tristeza e do Riso




_Psicologia da Tristeza e do Riso_






É tão triste
Estar triste
Não existe
Nada mais triste
Do que estar triste
Porque tudo o que todos mais querem
É ser felizes...

A regra da vida é tão simples...

Busque a felicidade, fuja sempre da tristeza e seja feliz!

Compadeço-me profundamente de mim
Decepcionando-me assim
Estando infeliz
Tristonho
Ainda que seja
Tão somente por esses dias
Semanas ou meses
Que se demoram tanto

Olho um retrato meu preto e branco
De quando eu era uma criança de cinco anos
E tenho uma pena imensa daquela criança sonhadora
Cheia de esperanças
Sabendo que agora estou frustrando-a tanto
Com a infelicidade

Penso na minha família
Em minhas amizades queridas
Em todos aqueles que de verdade me amam
E esse pensar, me traz pesar
Aprofundando ainda mais minha tristeza
Pela íntima certeza
De que agora
Estou triste
E que eles tanto querem
Que eu seja feliz
Plenamente

É, estou os decepcionando também...

Hei, você?
Também já se sentiu assim
Ou agora mesmo se sente?

Somos todos irmãos nessa desventura da vida
Nalgum momento...

Pode durar mais tempo
Ou menos...

O importante
Custe o que custar
É encontrarmos força dentro de nós
E tornarmos a duração da tristeza
O mais curta possível
Voltando a sorrir
Ser feliz
Alto astral
Cheio de bom humor
E empolgação
Não levando as coisas tão a sério
Fazendo piadas com tudo
Rindo de uma orelha a outra

Ah! Que sejamos uns palhaços mesmo!

Os palhaços são historicamente
Tudo de bom
Trazem o riso
As gargalhadas
O divertimento
Só nos lembram bons momentos
Felizes...

Não sei por que depreciam tanto a designação “palhaço”...

Tornou-se algo pejorativo ser um palhaço...

Que lástima!

Um ser mágico que vive entre as crianças
Que o olham entusiasmadas, surpresas, encantadas
Aquele rosto pintado, todo colorido
Em cores quentes
Aquele nariz redondo vermelho
Aquelas roupas espalhafatosas
Aqueles trejeitos hilários

Toda palavra que sai da boca dele
É riso
Gargalhada
Diversão...

Depreciativo deveria ser chamado de soldado!
- Que impõe armas, mata os outros -

De político!
- Que rouba todo mundo e ainda ri da nossa cara -

Ser chamado de algo assim...

É que de fato deveria ser um grande insulto, imperdoável...

Agora que estou tão triste
É que vejo como a vida tem coisas bestas...

Quando eu estou tremendamente feliz
Rindo à toa
A torto e direito
Fazendo piada de tudo
Dizem-me que não tenho siso
Sou um doido varrido
Um palhaço de circo

E agora que estou tão triste
Essas mesmas pessoas que assim me dizem
Recriminando minha felicidade
Do jeito que ela é
Sumiram todas
Deram-me as costas...

Se resolvem aparecer
Em boa parte das vezes
Só pioram as coisas
Porque elas não têm psicologia alguma
Ao invés de serem pra mim palhaços
Trazendo-me o riso
A doce falta de siso
Fazem tudo invertido
Julgando que é compartilhando a dor, a tristeza
Que elas também têm ou tiveram
Ou aquela que conhecem de alguém que tem ou teve
Dando aqueles longos e sentidos e exaustivos depoimentos
(Parece um ritual no Muro das Lamentações
Ou um daqueles programas de rádio ou TV que só contam infelicidades
E todo mundo chora e fica bem triste)
É que vão amenizar nossa tristeza
Consolando-nos...

Tristeza não se ameniza com tristeza!
Oras!
Apenas a aumenta...

Tristeza só se ameniza com o riso, a alegria!

Seu oposto...

Então não me venham nessas tristes horas
Dizerem-me coisas também tristes
Imaginando que irão me consolar
Pois somente me deixarão mais triste
Impregnado daquele senso fatalista
De que não tem jeito
É assim com todo mundo

Venham me contar piadas!
Levantar meu astral!
Só me dizerem coisas boas
Felizes
Para que eu volte a ser feliz

Sabe, já que ninguém me ajuda ou sabe como fazê-lo
Eu vou contar piadas pra mim mesmo e rir sozinho...

Já estou rindo...

Ahahahahahahahahaha...

Tá vendo só como são as coisas?

Eta vida besta!

Já tem gente aqui me chamando de louco de novo!

Ah! Meu Deus do Céu!

Vixe Maria!

E eu enfim resolvi minha tristeza!

Já sou feliz de novo!

Ahahahahahahahahaha...

Que me chamem de doido varrido
Palhaço de circo
Porque eu rio sozinho
Das piadas que eu mesmo conto pra mim...

Não quero nem saber!

Eu quero é ser feliz!

Não é isso que você também quer?

Então pronto!

Não vamos discutir!



E ponto final

Até mais!




Ahahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha...

Ahahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha...

Ahahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha...





Rob Azevedo











Era Glacial Interior




_________Era Glacial Interior_________












Que essa noite amarga me traga
A morte da amargura
A ventura
De um nascer do Sol feliz

Fatigante demais
É o tédio
Quando não há remédio
Nem para o hoje
Nem para o amanhã
Apenas algo assim que pareça
Um longo exílio solitário na Antártida
Naquele cenário frio de neves
Vendo pingüins
E comendo enlatados

Ah! Meu exílio amargo!
Longe das palmeiras
Dos Sabiás...

Quem dera eu voltar
Para o lugar de onde não vim
E nele te encontrar
Dentro de mim

É lá que estou
Feito um caramujo
Soturno
Um urso polar
Hibernando

Porque agora é inverno
No meu eu profundo
Assim sozinho
Sem quem o aquecia
O tornando verão eterno

Tudo ecoa tédio
Marasmo
Sem sentido
Vazio
No mundo congelado
Onde então vivo

Será longo meu exílio
Trancafiado dentro de mim?

Resta-me passar o dia
A ver os pingüins
Andarilhando sobre as neves
Desajeitados
Buscados as águas gélidas
Do mar salgado
Tornado pedra
De gelo

Ó cenário monocromático!
O colorido se perdeu
Tudo é branco
Até onde se perde a vista
No horizonte

Geleiras e neves...

Eu mesmo, creio
Tornei-me uma pedra de gelo!

Ah! Isso passa, isso passa!
É só um momento transitório
Em minha vida
Cinza, frio
Como há
Na de qualquer pessoa...

- Digo para mim mesmo –

O problema
É que me digo tal coisa
Desde não sei quando
Tento contar os dias marcados na parede
Do meu exílio dentro de mim
E não consigo...

Pego meu velho violão
Descansando num canto
E não sei por que
Espontaneamente, ao acaso
A canção que vou cantando
E dedilhando nas cordas
Diz:

“É impossível ser feliz sozinho...”

Mas o sentido desse “sozinho”
É bem amplo...

- Reflito –

Não diz Camões
Que há o “solitário andar entre a gente” ?

Mil companhias que eu tenha
Por virtuosas que sejam
Não me fazem menos só do que estou
Sem quem um solitário – exilado na Antártida
Tornei-me por não tê-la
Como nos dias findos de verão
Naquelas terras
Onde há palmeiras
E Sabiás

Na verdade os pingüins
Dos meus devaneios nas geleiras
Do Pólo Sul
São em simbologias
As pessoas todas
Que agora vejo
Ao não vê-la

Não me fazem a companhia adequada
Nem tampouco posso me comunicar com elas!

Estou incomunicável da alma!

Portanto um exilado
Calado dentro de mim

Até quando não sei...

O horizonte é sombrio
Desolador...

Mas Deus queira
Ainda verei as andorinhas em revoada
Anunciando a volta do verão...

E ouvirei o canto dos Sabiás
Empoleirados nas palmeiras...

Senão ao lado dela
De alguém que me mereça
Trazendo o Sol, o calor e o sentido
Mais uma vez à minha vida



Rob Azevedo














Balada para os Elefantes




___ Balada para os Elefantes ___





Incomodo os elefantes
Ruminantes
No pátio dos dementes
Da Rua Marquês de Abrantes

Tão invejosos!
Suas invejas
Os enlouqueceram
E morreram vivos
Cobiçando meus versos
Os mais belos

Ao invés de cuidarem de suas vidas
Lastimosas
Passaram seus dias
Tentando secar as rosas
Do meu jardim
Que floresceu
Ainda mais
Lindo
Tão divino
Quanto o céu

Dão voltas e mais voltas sem fim
Em torno da amendoeira que há
No pátio dos dementes
Da Rua Marquês de Abrantes

Esbravejando pragas
Lamuriando-se de suas mediocridades amargas
Não aprenderam os elefantes ruminantes
A baterem palmas...

Eu
Dessa lição passei
Faz tempo
Agora as ouço
Aclamando-me
Efusivamente...

E meu jardim
Floresce
A cada dia mais e mais
Por tanta gente
Intrometida e invejosa
Cuidar dele
Ao invés
De seus próprios canteiros
Definhando sob o revés
Da miserabilidade do espírito



Rob Azevedo











domingo, 19 de outubro de 2008

DIREITOS AUTORAIS RESERVADOS EM TODA MINHA OBRA







████████████████████████████████████████

Brevemente estarei lançando livros de Poesia e Prosa
no mercado editorial, assim como CDs de música Bossa Nova
e MPB no cenário musical, aguardem!!!

Toda minha obra literária (e musical) consta com os devidos
registros na Biblioteca Nacional - Direitos Autorais Reservados.

Denuncie o plágio. A violação de direitos autorais é crime.
Lei Federal 9.610, de 19.02.98.

████████████████████████████████████████



Rob Azevedo






A Culpa




_________A Culpa_________







A culpa é tua
Por minha alma nua
No meio da rua
Rimando dor e amor
Ofertando sem jeito à Lua

Ai, que amargor!
A culpa é toda tua!
Por minha ufana loucura
Equivocada mensura
Do que há além
De chamar-te Meu Bem
Revestindo de doçura
O que sei
É de ninguém
Sou eu, Meu Bem
Sou eu, Meu Bem
Quiçá
Tu também

A culpa é tua!
Por minha carne crua
Queimando por dentro
Por fora
Querendo
Sentar a pua!
A culpa é tua!
A culpa é tua!

A culpa é tua!
Pela aurora
Quando não é hora
Por ver-te
Como meu pão
Pelo verde
Que colhi
Imaginando maduro
Pela inundação
Do meu coração
Pela solidão
Que me traz teu não

Se eu for embora
E tu chorares
Ó Minha Senhora
E me rogares
Volta!
A culpa
Será toda tua
Se for tarde
E eu me cale
Outra ache
Que te desole
E a mim console

A culpa
Será tua
Por minha morte
Quando amanhecer o dia
Eu sentir profundo o corte
Mirando ao lado
Outro corpo
Que não seja
Tua forma nua
Minha consorte
Escolhida
Pro hoje e, quem sabe, Deus queira
O amanhã da vida

A culpa então
Será toda tua
Por ser ouvida
Em pranto
Comovida
A si mesma
Exclamando
Aflita:

- Mea Culpa, Mea Culpa, Mea Maxima Culpa!




Rob Azevedo













A República da Poesia




________ A República da Poesia ________






Penas em riste
Proclamam
A República da Poesia!

Bem longe do mundo triste
Sem versos, nem excessos
De lirismo e romantismo

Nas terras das trovas
Tudo são odes maravilhosas
Ao que de melhor existe
O Amor, a Saudade Doce
O Mar, as Rosas
O Sabiá, as Prosas
Entre corações enamorados...

A Música, o Canto
Os Encantos do Sol e da Lua
As Estrelas, o Pranto
Por paixões fugidias

Lá na República da Poesia
Tudo são flores
Em dias primaveris
São suspiros de amores
E mesmo espinhos e dores
Mas daquelas que valem a pena
E tornam a vida grande

No sarau a céu aberto
Com a fronte coroada por heras
Declamo meus versos
E vejo as antigas quimeras
A frente, cintilantes
Ao luar

A platéia me ouve
Concentrada, extasiada
São poetas alados
Malabaristas no teatro mágico
Vou recitando e aguardo
O momento final
Quando as palmas me aclamarão
Em glória triunfal

Declamando me arrebato aos céus
Sou um deus, sou Zeus
Incorporado da Arte Dramática
Em cada poro tomado
Levantando as mãos ao alto
O olhar ao léu
Enxergando distante
Na Acrópole
O Templo de Afrodite

É o Amor
Sagrado e Eterno
Em mim que me move
Levando-me além
Aonde ninguém
Pode ir sem o ter
Gravado na alma
E no coração

Mirando perdido as sendas
Da Via Láctea
Cerro enfim os olhos
Recitando meu último verso
E ponto final...

Chovem Lírios
Crisântemos
Rosas
Margaridas
Tulipas
Camélias
Açucenas
Gardênias
Hortênsias
Papoulas...

Chovem sobre mim as flores
De toda Babilônia!

E Palmas...

E Palmas...




Rob Azevedo












A Pianista




____________ A Pianista ____________

Como um pássaro liberto que Silva
Na ventania...






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O mundo
É deixado de lado
Por um breve momento
Tão longo e profundo
Quanto o que há além
Do infinito

Porque a pianista
Se põe defronte
Às teclas alvas
Do piano
Pinceladas de ébano

Suas mãos tocam
Madrepérolas que afundam
E sobem
Ecoando notas
Belíssimas
Reavivando os mortos
Da alma

Ela mesma se sente
Então viva
Como nunca antes
Porque toca
Seu piano amante

Ó finito e eterno momento
Tão magnífico e profundo
Quanto o que há além
Do infinito

O piano tocado
Apaixonadamente
De inanimado instrumento
Torna-se homem amante
De sua pianista virtuosa
E lhe oferece rosas
Em notas sonoras

Ah! Que segredo se esconde
Entre a música que se ouve!
Que bela e romântica história
De Amor tão antigo e grande
Desde os tempos de menina
Sonhando em ser pianista
Talentosa

Ó que belas rosas
Em sonoras notas
O piano amante
À pianista oferece...

Ó que Amor tão antigo e grande!

Que Lua de Mel romântica
Sem fim
Como um pássaro liberto que Silva
Na ventania...



Rob Azevedo














Sine Qua Non




_♥_♥_♥_♥_♥_♥ Sine Qua Non ♥_♥_♥_♥_♥_♥_





Quando te vejo
Desejo
Desejo um beijo
Sem floreio
E creio
Creio no Amor verdadeiro
Sem erro
Eu quero
Quero ser o enlevo
Que bate em teu peito
Eu peço
Peço um ninho em teu seio
Um lugar ao teu lado
Em teu leito
Eu vejo
Vejo um céu aberto de Sol
De Norte a Sul
Eu rezo
Rezo por nós dois
Antes, durante e depois
Do beijo
Que te peço
Eu peco
Peco por excesso, demasiado zelo
Pelo muito que faço
Nunca por ausência
Omissão
Insuficiência
Eu entrego
Entrego meu coração
Em tuas mãos
Com condição
Sine Qua Non:
Sem devolução!
Eu rogo
Rogo eternidade
Em cada finito instante
Te amando sempre bem mais do que antes
Eu choro
Choro estar longe
De ti neste momento
Como estive ontem
Eu consolo
Consolo a mim mesmo
Imaginando que ainda hoje
Contigo estarei
Eu confesso
Confesso que te amo e amo e amo
E amo tanto nem sei quanto
Eu nego
Nego o mundo pra te ter
O ouro, o ar, o que haver
Eu rego
Rego a flor que há de nascer
No jardim ao amanhecer
Eu pego
Pego no céu as estrelas que quiseres
Faço delas pingentes em teus colares
Eu meço
Meço na amplidão do infinito
O Amor que por ti eu sinto
Eu pulo
Pulo a corda, o muro
O rio, o mar
Para te encontrar
Eu fujo
Fujo do absurdo
De viver sem teu Amor
Sem ter por quê
Pra quê
Prazer
Eu juro
Juro em cada verso
Amar-te com esmero...

No claro ou escuro!







Rob Azevedo


VIS-CE-RAL-MEN-TE VIS-CE-RAL...













sábado, 18 de outubro de 2008

A Morena do Marinheiro de Vila Velha




__ A Morena do Marinheiro de Vila Velha __







O farol
Sobre o despenhadeiro
Ilumina o veleiro
Que vem de longe
De longe
Distante
Singrando o mar

Na praia a cantar
A mulher do marinheiro
Que saiu a pescar

Vem depressa, ó, marinheiro
Teu Amor te espera
Rezando o Rosário
Acendendo uma vela

Na praia a cantar
Da morena mais bela
Escorre uma lágrima
Se colhe uma pérola

Porque é da ferida
No coração
Que nasce a canção mais sentida
Ouvida com funda paixão

É na dor comovida
Que choram aflitas as cordas
Do violão

Vem depressa, ó, marinheiro
A morena bonita
Teme pela vida
Que pulsa em teu peito

O mar é traiçoeiro
Num instante ligeiro
Engole pra morte
Gente forte
Que tem na terra
Firme um Norte
Do Amor a sorte
De alguém que lhe espere

Vem depressa, ó, marinheiro
A morena mais bela
De toda Vila Velha
Chorando reza
Acendendo uma vela



Rob Azevedo










O Canto do Pescador




_________O Canto do Pescador_________

– Letra de música MPB -











O
pescador
De manhazinha
Saiu pro mar
Trouxe nas redes
A sereia
Filha de Iemanjá

O pescador
Antes do pôr
Do Sol
Desenhou na areia
Um coração
A onda levou

O pescador
Conheceu o Amor
E depois do pôr
Do Sol a dor
E desandou a chorar
Na beira do mar

O pescador
No pranto que derramou
Se afogou
Na areia à beira
Do mar

Ó sereia
Filha de Iemanjá
Vede a dor
Por que não voltar
Do verde mar?

Ó sereia
Filha de Iemanjá
Vede o Amor
Maior que o mar
Por que não voltar
Pro pescador?

Ó sereia
Filha de Iemanjá
Volta do mar!
Volta do mar!

Ó ondas a quebrar na areia
Traz a sereia, traz a sereia

Ó pescador a se afogar no pranto a derramar
Verde é a esperança, a cor do mar
Ela há de voltar, ela há de voltar

Ó dor, ó dor, ó dor, ó dor
Maior que o mar
É por ti que estou a cantar
Estou a cantar

Ó amor, amor, amor, amor
Maior que o oceano
Por ela bem mais eu canto
Bem mais eu canto

Eu amo, eu amo, eu amo, eu amo
O Amor é tanto, a dor sem tamanho
Que eu canto, eu canto, eu canto, eu canto
Pela sereia que amo
De Amor maior que o oceano

E canto e canto e canto e canto...




Rob Azevedo













sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Amor d`Além Mar




_________ Amor d`Além Mar _________








O
mar azul
Separa
Nós dois

Ó lusitana
Menina das terras
De Camões

O mar azul
Separa
Nós dois

Ó Atlântico Sul
Suas ondas brancas
Espumantes
Quebrando nos corais
São canções
De saudade
Entre corações

Ó Atlântico Sul
Ao lembrar de nós
A trinta Nós
Quero cruzar-te
Antes que tarde
A vida e se cale

Amar, amar, amar, amar...
Alguém de tão longe
É amor de monge
Triste cancioneiro
De dor e saudade

Ó meu Rio de Janeiro
Que venha logo um veleiro
A me levar
Ao outro lado do mar
Na cidade do Porto
Eu quero
Aportar

Porque amar, amar, amar, amar...
Um amor d`além mar
É recolher a âncora
Içar a vela e zarpar
Cruzar o Oceano

Ó Atlântico Sul
Teu azul me é tão triste
Calando fundo
O amor que existe
Não há ninguém feliz no mundo
Vivendo distante
De quem ama
Loucamente
Como eu amo
De amor tão grande
Quanto o oceano

Só em ver o mar
Balouçando e cantando
Prateado ao luar
Ou dourado pelo Sol
Quero recolher a âncora
Içar a vela e zarpar
Cruzar o Atlântico Sul

Amar, amar, amar, amar...
Alguém de tão longe
É triste, é triste
Dói fundo, tão fundo
Quanto o profundo
Mar azul
Que nos separa



Rob Azevedo











quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Blues Num Quarto Escuro




Blues Num Quarto Escuro

- Letra de Música -










No quarto escuro eu quebro o muro
Entre nós dois
Desatando os botões
Da calça jeans
Por favor eu quero
Mais duas pedras de gelo
No meu Gin
Deixa disso e vem comigo
Diz que sim!

Um Blues toca na vitrola
Ela se assanha e rebola
Com olhar de louca

Essa loba me dá bola
E agora eu lhe peço esmola...

Por favor, tire a roupa!

Amor assim não dá
Abra ao menos o feche Clair
Quero ver o que há
Na tua sala de estar

Oh-yeah!

Onde você está
Com a cabeça nessa hora boa?

Se demorar consumo
Todo o Gin sozinho
Depois deito na cama
De bode
Viro pro lado e durmo

Essa loba se assanha
E rebola ao som do Blues
E agora vê se pode?
Eu lhe peço esmola...

Por favor, tire a roupa!

Amor assim não dá
Abra ao menos o feche Clair
Quero ver o que há
Na tua sala de estar

Oh-yeah!

Onde você está
Com a cabeça nessa hora boa?

Se demorar consumo
Todo o Gin sozinho
Depois deito na cama
De bode
Viro pro lado e durmo

A gata mia lá fora
Ao luar namorando
A gaita aqui dentro me consola
No quarto escuro

Sem meia sola faço hora
Pego a guitarra e dedilho um solo
Enquanto a cigarra canta
D`outro lado do muro

Eu sem jeito fico mudo
Meditando o absurdo
De nós dois num quarto escuro
Você vestida, eu desnudo

Por favor, tire a roupa!

Amor assim não dá
Abra ao menos o feche Clair
Quero ver o que há
Na tua sala de estar

Se demorar consumo
Todo o Gin sozinho
Depois deito na cama
De bode
Viro pro lado e durmo

Oh, não!

Oh, não!

Oh, não!




Rob Azevedo






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Você Não Deu Valor




Você Não Deu Valor
- Letra de música – Estilo: Pagodinho/MPB -



Você não deu valor
No meu amor
Agora chora
Porque vou embora
Já passou da hora
De enxergar quem sou
Não só um sonhador
Louco trovador
Agora chora
Não tem vela nem rosa
Mas tudo entre você e eu
Morreu, adeus
Porque não deu valor
No meu amor
E pisou na flor
Então chora
Já passou da hora
De enxergar quem sou
Sou teu amor
Só teu amor
E o teu amor é meu
Você não entendeu
Agora chora
Porque não deu valor
Ao que é teu
O meu amor
E o teu sou eu
Você não entendeu
Agora chora
Não tem vela nem rosa
Pelo amor que morreu
Ninguém mais sofreu
Do que eu
Mas agora é você quem chora
Porque vou embora
Já passou da hora
De dizer adeus
Adeus, adeus
Amor dos céus
Adeus, adeus
Vai com Deus
E chora
Não tem vela nem rosa
Mas tudo entre você e eu
Morreu, adeus
Amor dos céus
Vai com Deus
E chora...



Rob Azevedo










Nem Sei Mais




Nem Sei Mais
- Letra de Música MPB -




Já nem sei mais
O que dizer
Sem ter o por quê
Eu te amar demais

Tanto faz
Também nem sei mais
O que é ter paz
Longe de você

Vai doer
Se deixar morrer
O Amor
Que tenho a oferecer

O calor do Sol
Nem o cobertor
Vai nos aquecer
Do frio interior

Nem tente me esquecer
Eu já tentei
Não lembrar mais você
Não deu
Nem um dia não pensei
No Amor que eu te dei
E você me deu

Dizer adeus
De nada valeu
Eu sei você sofreu
Tanto quanto eu sofri
Dizendo adeus

O calor não aquece
Quando não se esquece
O Amor que se viveu

Solta o passarinho e volta
Pros braços meus
Nas mãos tenho rosas
Em minha porta
Há pousado um Louva-Deus

Mas não finja
Que me esqueceu
Não, nem minta
Que nosso Amor morreu
Com o coração
Não se brinca
Bem sabe quem sofreu

Solta o passarinho e volta
Pros braços meus
Nas mãos tenho rosas
Em minha porta
Há pousado um Louva-Deus

Você e eu
Eu e você
De volta o por quê
Do viver
Quando não sabemos mais
O que é o mundo
Sem nós dois
A sós juntos
Antes, durante e depois
Outra vez



Rob Azevedo













quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Amor Retirante




_________ Amor Retirante _________







Sou retirante
De nós dois
Num pálido instante
O que vinha depois
Se foi
Sem dizer adeus
Vai com Deus
Pelos céus
Azuis
Em que reluz
O Sol
Dourado
Ardente
Quente

Sou retirante
De nós dois
Inconseqüente
Da dor
Dilacerante
Sem o que era antes
E o que viria depois

Sozinho
Sem itinerário
Nem horário
Cavo o buraco
Onde me encontro
Enterrado

Lá embaixo
Na terra úmida
Sou a semente
Donde nascerá
Um Cravo

Mas por que voltar ao mundo?
Se a Rosa
Por quem chora o porvir
Que há de ser Cravo
Se foi sem itinerante
Quando o viu de repente
Transformado em retirante
Inconseqüente
Desatando o laço
Que unia os dois

No claro
Restará ao Cravo
O arrependimento
Nem amenizado
Pelo frescor do vento

Ou o úmido do orvalho
Só sentida
A dor dilacerante
Sem o que era antes
E o que viria depois

Semente, semente
Debaixo da terra se esconde
Só as raízes cresce
Nada que no alto
Sob a luz externa
Seja visto
Porque floresce

Oculta minha dor
Do antigo Amor
Lá embaixo, bem fundo
Porque eis agora findou



Rob Azevedo













Penedos de Gibraltar




_________Penedos de Gibraltar_________







Esconderei meu medo
Nos penedos
De Gibraltar
Lá embaixo
Verei as ondas
Brancas do mar
Ir e voltar
Estourando
Esvoaçando
Escumas
Ao vento
Que impele velas
De escunas
Com destino
Em sendas amarelas
Ao além do horizonte
Onde se deita
O Sol
Dormindo
E se levanta
Glamourosa
A Lua
Sorrindo

Do meu sono acordado
Despertarei
Ao luar
Aos acordes
Do bandolim
Tocado
Por um arlequim

Embriagado
Do vinho noturno
Revolverei os cascalhos
Dos penedos
De Gibraltar
Ao canto das ondas do mar
Haverei de encontrar
Repousando a concha
Em que se aninha a pérola
Que estou a buscar

Lá distante dos medos
Escondido nos penedos
De Gibraltar
Haverei de encontrar
E amar e amar
A pérola
Que estou a buscar



Rob Azevedo












Fundo Amargor, Cinza Sem Cor




_____Fundo Amargor, Cinza Sem Cor_____

- Cinco Quadras e Uma Quintilha -






Saudades daqueles verdes bosques
Venturosos, de flores e encantos
Colhidos risonhos em buquês
Enfeitando da casa os cantos

Os severos prantos de agora
Escorrem inundando os campos
Sem o riso acolhedor da Ambrósia
Que partindo embora, semeou lamentos

Já não me traz o luzir da aurora
A ditosa manhã de outrora
Só tormento e amargo queixume
Sequer me ilumina a luz dum vaga-lume

Ó dama dantes tão amorosa
Olhai-me em meus olhos baços
Com as rosas que trago no regaço
E as trovas que te escrevi no bolso

Lembrai então dos bosques o quão
Formosos eram e do que restou
Um cinza sem cor e fundo amargor
Martirizando um pobre coração

Lembras-te daquele que tanto te amou?
Hoje por teu esquivo Amor
Que deveras o magoou, ferida causou
A si mesmo se enterrou
Inconsolável em sua própria dor



Rob Azevedo











No Cais do Porto Desilusão




______ No Cais do Porto Desilusão ______







Sou aquele que não morreu
Quando lhe disse adeus
Mas sofreu e sofreu e sofreu...

Sou o morto-vivo sem velório nem flor
Sem enterro, só dor
Sou o Amor
Que não vingou

Sou o pranto que não secou
O queixume que não se calou

Sou a esperança que definhou
Ainda verde
E a criança que amadureceu

Sou o depois do Sol
Que se põe
A sombra da escuridão
Num cálice bebida
Com champagne

Sou a paixão
Mal resolvida
Com a ida
Da querida
Que sempre quis
Pra mim

Sou aquele infeliz
Que vaga
Em noite enluarada
Declamando trovas
À amada
Que se foi

Sou o sopro do vento
Que bate na porta
De quem foi embora
Com saudade que não lhe importa
E o lamento
Por tudo o que não volta
Nas linhas tortas
Da minha vida
Nunca certa
Nem escrita
Por Deus

Sou o lenço
Encharcado de lágrimas
Na despedida
Acenando adeus
No cais do Porto
Desilusão



Rob Azevedo











Quem Sou Eu?




_____ Quem Sou Eu? _____






Quem sou eu, Meu Deus?
Quem sou eu?
Não sei, não, não sei, não
Sou uma multidão
Um tórrido coração
Sou o sim e o não
O adeus que não se quis
A Flor de Liz
O desenho a giz
Sou o tufão
O trovão
A luz
E a escuridão
A cura
Da maldição
Do viver em solidão
Sou o bêbado feliz
A bala de Anis
O bem que se quis
O poema que escrevi
Tudo o que vivi
E não esqueci
Sou um pássaro
Um cavalo alado
Um peixe de asas
Um par de lábios
Num beijo
Enamorado
Sou o príncipe
Encantado
E o sapo...
Sou o inferno e o céu
O oi e o tchau
A partida e a chegada
A saudade da namorada
O Romeu na sacada
De Julieta apaixonada
A lhe beijar e beijar e beijar...
Sou o cão sem dono
A vadiar
Sou o lobo a uivar
O peito a sangrar
O Amor no ar
A dor a te calar
Sou o sonho
E o despertar...
Sou o espetáculo
Do palhaço
No circo
Mágico
Sou a loucura
E a lucidez
Do filósofo
Refletindo a vida

Sou a pergunta
Sem resposta:

Quem sou eu, Meu Deus?
Quem sou eu?



Rob Azevedo












Deliciosa Luxúria




__________Deliciosa Luxúria__________

"A Arte nunca é casta, deveria ser mantida longe de todos os cândidos ignorantes. Nunca se deveria deixar que gente despreparada se lhe aproximasse. Sim, a Arte é perigosa. Se é casta, não é Arte."

Pablo Picasso
















Ah! Mil rosas cálidas
Orvalhadas
Desejo desabrochadas
Em minha cama!

Pernas se abrindo
Como pétalas
Sorrindo
Descortinado o ninho
Do passarinho

Em meus lençóis
Um jardim
De divinas flores
Úmidas
Cálidas
Rosas
Perdidas de amores

Mil delas
Amorosas e belas
Desabrochando, florescendo
Desejo em meu leito
O Reino
Da Luxúria deliciosa


Eu, o passarinho Beija-Flor
Provando de todas o sabor
Em meu bico
Que traz das colméias o mel
Derramado em cada cálice

Um harém sem fim
Transbordante
De deusas flores
Amantes de mim

Amorosas e belas
Cálidas e úmidas rosas
Se abrindo como pétalas
Sorrindo
Descortinado o ninho
Do passarinho

Nuas em formas
Perfeitas, esbeltas
Desejosas do mel
Que trago das colméias

Lindas flores
Ardentes por mim
Num viver de amores
Sem fim

Carícias e beijos
Suspiros e gemidos
Arranhões e apertos
Corpos nus se comprimindo
Sobre o meu voluptuosos

Lambuzá-las do mel
Que trago das colméias
Celestiais
E lambuzar-me
Do orvalho cálido
Que recobre seus cálices

Nuas a banharem-se
Comigo nas fontes
Da luxúria deliciosa
Insaciáveis brindando
O êxtase venturoso
Dos deuses
Que o provamos
No corpo, na boca
No seio, nas coxas
No peito, no dorso
Nas ancas, nos braços
Nas mãos, no abdômen, n
os olhos
De mulheres loucas
Lânguidas, devassas
Por um homem tórrido
Que as têm no laço

Ó Minhas Rosas
Úmidas
Cálidas
Desabrochadas
Perdidas de amores
Amorosas e belas
Se abrindo como pétalas
Sorrindo
Descortinado o ninho
Do passarinho...

Abençoado seja
Nosso Reino da Luxúria
Deliciosa
Ó Minhas Rosas!













Rob Azevedo











Nascer do Sol




___________Nascer do Sol___________











Bem longe daqui
Encravado no cume das altas montanhas
Envoltas em nuvens
Eu vivo
Apartado do mundo
E suas tentadoras ilusões
Materiais e luxuriantes

Sou Bruxo
Minha casa rústica
De madeira e pedra
É bem no meio do mato
Floresta virgem

Ao acordar
Às quatro e meia
Com os primeiros raios solares
Iluminando o mundo
As névoas da serra se dissolvem
Lentamente
Desvendando as árvores silenciosas
Portentosas e sábias
Com cipós e trepadeiras descendo de seus galhos
Em cascatas
Enquanto o orvalho escorre
Sobre as folhagens

Escuto a cantoria dos galos
E pássaros
Brindando em algazarra
O dia que alvorece

O Sabiá é o Maestro-Cantor-Mor
Regendo a sinfonia matinal
Que agradece em festa
Mais um dia de existência
No seio da Natureza exuberante

Seu canto se destaca
Ouve-se bem claro
Soberano
De beleza e encanto
Divinal

O festival que celebra o nascer do Sol
Dura pouco
Às cinco e dez
Os galos e pássaros
Começam a silenciar
Até que se calam

E aquele momento mágico
Se foi
Cerrando as cortinas do impagável espetáculo
Até o amanhecer seguinte
Quando ressurgirá
Espontaneamente
Sem que seja cobrado ingresso algum
A quem o assista

Ah! Aqueles lá de longe
Das montanhas onde vivo
Buscam as telas de TV
O cinema
Shows
Estádios lotados
Passatempos vários
E pagam...

Mas perdem o espetáculo maior
- Gratuito -
Que a Terra nos oferece
Que é o nascer do Sol
E todos animais da floresta
O celebrando religiosamente
Em oração musical
Num festival espiritual
Mágico, sinfônico
Que não dura mais
Do que quarenta minutos

Assim são os homens lá de longe
Dessas montanhas maravilhosas onde vivo
Em comunhão com a Natureza

Não bastasse
Haverem virado as costas para o Sol
A Lua
As Estrelas
Todos os Planetas
O Mar
Os Rios e Lagos
O Verde
Os Animais
Criaram estátuas de cerâmica
E as adoram
Como se estas coisas inanimadas
Criadas por mãos e mentes humanas, sim
Fossem os deuses da Terra

A tudo inverteram
Estranhamente
Conforme suas mentes confusas

Cegos
Não enxergando o óbvio saltitante aos seus olhos
Perverteram a Natureza
E deram asas aos homens
Em imagens profanas
E os chamaram de anjos
Em loucas criações

Quando anjos
Existem no dia a dia
E já de bem antes existiam
Com suas asas próprias
Naturais
Com as quais nasceram
Por Graça Divina

São os pássaros...

O Sabiá!

O Beija-Flor!

O Bem-Te-Vi!

E outros mais...

São Arcanjos, Serafins e Querubins

Ah! O quão são tolos os homens!
Os animais se apiedam deles
Celebrando a Grande Mãe
Natureza
E todos seus elementos

O Sábia me brinda
Com seu último canto matinal
Brindando o nascer do Sol
E silencia

Assim o faz
Todos demais pássaros
E os galos

São cinco e quinze
E me levanto da cama
Após minha oração
Junto com os cantores alados
Celebrando e agradecendo
O novo dia



Rob Azevedo






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Coração Noturno

Raul Seixas




Amanhece, amanhece, amanhece,

amanhece, amanhece o dia

Um leve toque de poesia

Com a certeza que a luz

que se derrama

nos traga um pouco, um pouco, um pouco de alegria !

A frieza do relógio

não compete com a quentura do meu coração

Coração que bate 4 por 4

sem lógica, sem lógica e sem nenhuma razão

Bom dia Sol !!!

Bom dia, dia !

Olha a fonte, olha os montes

Horizonte

Olha a luz que enxovalha e guia

A Lua se oferece ao dia

E eu, e eu guardo cada pedacinho de mim

prá mim mesmo

Rindo louco, louco, mais louco de euforia

Bom dia Sol !!!

Bom dia, dia !

Eu e o coração

Companheiros de absurdos no noturno

no soturno

No entanto, entretanto

e portanto...

Bom dia Sol !!!

Bom dia, Sol !










terça-feira, 14 de outubro de 2008

Paralelo Intransponível




________Paralelo Intransponível________







Há um paralelo intransponível
Entre eu e mim
Somos dois
Seres distintos
Em conflito
Incompreensível

Somos históricos inimigos
Entrincheirados
Em lados opostos
De um campo de batalha

Cada um em sua vala
Metralhadora dispara
Um contra o outro

Não há jamais um armistício
Somente o eterno suplício
De quem a si mesmo se mata

Rugem canhões
E rajadas de balas
Estouram bombas
Treme o chão
Ardem labaredas
Escura fumaça
Esconde o horizonte

Não há nunca uma bandeira branca
Que se levante
Só um mesmo infante
Que sangra e sangra
Por suas próprias mãos

Insurreição?
Separatismo?
Loucura?
Masoquismo?

Divergência por divergência...
Nada mais, apenas
Identidades culturais
Próprias e opostas
Entre eu e mim

Guerra sangrenta
Interminável
Dilacerante
Incongruente
Onde jaz a Paz
Numa cova rasa
De indigente
E sobre meu corpo
Marcham dois soldados
Inimigos
Disparando canhões
Em eterno conflito

Independência de mim mesmo!
Grito desterrado nesse descampado sombrio
Mortífero...

Na desesperada busca
Por me libertar do algoz implacável que sou
Não me mato
Atiro-me do penhasco e vôo
Bem alto
Cruzando o paralelo intransponível
Entre nós dois

Lá nas nuvens
Milhares de milhas além do campo de batalha esfumaçado
Barulhento, lamacento
Ergo meu castelo de quimeras
E vivo em paz comigo...

E contigo...

Havendo cruzado

O paralelo intransponível

Entre nós dois...




Rob Azevedo










O Beijo Que Te Dei




___________O Beijo Que Te Dei___________

"Aqueles que se beijam não se satisfazem com a simples doação dos seus lábios, mas precisam infundir as suas próprias almas um no outro"

Santo Ambrósio


“O beijo é um truque delicioso inventado pela natureza quando as palavras se tornam supérfluas.”

Ingrid Bergman



Eu ♥ Você




Não me sai do pensamento
O beijo que te dei
Ontem à noite...

O roubei de ti
Ou o roubaste de mim
Não sei...

Aconteceu de repente
Num lampejo inconseqüente
Quando as palavras se tornaram
Supérfluas
Como diria Ingrid Bergman

Aqueles velhos clichês
De que o mundo parou
Tudo girou e girou
Feito roleta de casino
São válidos

O beijo que te dei
Não me sai do pensamento
Não sei se de ti o roubei
Ou acaso tu quem o me roubaste

Entre tudo o que não sei
De uma coisa estou bem certo:

No beijo que te dei
Não me contentei
Em apenas doar meus lábios
Mas infundi minha alma
No mais profundo do teu Ser
Como diria São Ambrósio

E agora minha boca
Como o peregrino que padece no deserto
Tem sede de cada mínima gota
De umidade sobre teus lábios
E tua língua

Quero bebê-las todas
Saciar-me
E delas me embriagar
Pois sei são gotas das videiras
Que dão bom vinho
O=MELHOR=QUE=HÁ!!!


-------> Rob Azevedo




Eu ♥ Você